a maquinaravilha

tudo que transpira da terra, da ilha

da mente, da ira 

vira lixo atômico do dia econômico

de palabras bonitas.

e se tetubiar ajudar a negar

o que é de esperar?

mas não me diga que não é boa a vida

de pernas pro ar.

é tudo a maquinaravilha

sua próxima cortesia

oferenda da imigração popular

é tudo a maquinaravilha

do caos moderno e sórdido

e com vista pro mar.

ao relógio!

em algumas horas do dia estou no mundo.

nas outras, nem fui.

por isso é tão sublime a anestesia.

ao saber que nada existe tudo muda

em apenas algumas horas do dia. 

entre nós e o céu

partiu,
como rastro de flecheiro
tão bonito e ligeiro
que não deu pra mensurar.
rasgou o preto com o branco
entre as estrelas restou o acalanto
das suas asas ao voar.
sumiu.

o blefe do silêncio

Só de lembrar daquela falsa fala
Que toda pála nao me ensinou
Prova de prosa descontrolada
Foi perder pra vida o que apostou
Mas há quem cale na mentira da verdade
Ao ceder o sim para o poder do nao

Em minha cuca surda não vai mais entrar
O que imponho se opõe a dita lógica
Seus versos pardos soltos sem direção
E por acaso alguém viu a razão?

Demais e a da mente contundente
Amargo, mudo e incolor
Quem vive vida de tabuleiro
ganha no azar de quem arriscou

5 de fevereiro

32 anos neste dia. nova? velha? nem uma coisa nem outra, só no ponto. no ponto onde a vida, junto com as minhas atitudes, me trouxe. no ponto que pode ser um marco. no ponto de recomeçar, de começar, de terminar.simplesmente, no ponto! 

no ponto de ser mais modesta também, né? ah..mas hoje eu tenho licença poética-de-aniversário pra me achar um pouquinho, ok? me achar abençoada pela família que tenho, pelos amigos que conquistei e pelos quais fui extremamente conquistada; pelos amores que vivi, pelos sonhos que se realizaram e pelos muitos que ainda tenho.me achar sortuda pela profissão linda (e estressante!!!!) que escolhi e pela nova que começo agora (professora!!! ui!!!!)

me achar (ou melhor, ter certeza) que sou feliz, com todos os erros e acertos, com todos os ônus e bônus, com o pôr-do-sol lindo que vejo da janela do trabalho (que vista, né, joão?!) e com tudo de bom que a vida tem a oferecer e eu vou ter pique pra ir buscar. parabéns pra mim….(amanhã volto a ser modesta, prometo!..rs)

filosofia de janeiro

vou abrir o guarda-roupa da minha alma e fazer uma faxina. jogar fora o que não serve, pra ter mais espaço pras coisas novas.vou limpar bem direitinho e tirar toda a poeira porque tenho alergia ao pó. só vou deixar as melhores lembranças…talvez algumas ruins que serviram de lição.  vou abrir as gavetas e doar as coisas antigas que já não cabem, nem no meu corpo nem na minha cabeça. vou doar pra vida e ela que faça bom proveito.vou abrir o cofre e, quem sabe, espalhar alguns segredos. já outros, vou manter bem seguros. não é tudo que se conta por aí. mas nessa arrumação toda, tenho certeza que algumas coisas permanecerão exatamente no mesmo lugar, sabe como é, em time que se está ganhando não se mexe.

eita!

lembro-me que gosto de rock

mas daquela frase que disse e que agora tento lembrar,

sinto muito informar:

deveria ser pop!

ho, ho, ho

como seria hoje, se ontem tivesse sido diferente do que foi?
se besteira foi não fazer, por que pareceu que fazer, seria besteira?
seria tão doce a lembrança de hoje se houvesse ainda mais do que se lembrar?
o que foi feito está feito e virou saudade.
do que não se fez, ficou a vontade que dá asas à imaginação. 

seria diferente do que foi e aquilo que é, já não seria mais. deixar de sentir a lástima do passado é o mesmo que nunca sentir o que ainda virá.

e isso só depende de hoje.

impere sobre as palavras

saia pra soar
soe sem gritar
voe pra fugir
fuja sem falar
arme pra bulir
bula sem mexer
respire sem fumar
fume até dançar
dance sem pular
pule até raiar
ache sem querer
queira se chegar
agite pra beber
beba sem gostar
goste a valer
custe o que gastar
pesque pra pagar
pague sem levar
fale sem pensar
pense pra entender
faça o que eu mandar
mande eu me roer
cale pra beijar
beije para ter

soe pra sair
grite sem suar
fuja pra voar
fale sem fugir
bula pra armar
mexa sem bulir
fume sem respirar
dance até fumar
pule sem dançar
raia até pular
queira achar
chegue pra querer
beba pra agitar
goste sem beber
valha pra gostar
gaste o que custar
pague pra pescar
leve sem pagar
pense sem falar
entenda pra pensar
mande o que eu fazer
roa pra mandar
beije pra calar
tenha pra beijar

meios

olhar do arlindo: viver a vida é andar na estrada. andar a luz. andar no breu. o caminho à frente. você sabe onde ir? nada sabemos. nem onde chegamos. nem se chegaremos. a paisagem não é paisagem, ela passa ao lado da gente. tudo passa…e a vida nos prega uma peça e ficamos na mão sem saber. vivemos seguindo o caminho ou pare e espere morrer… 

 daqui vejo o que não quero e o que quero, sou apenas condutor de mim.vejo a moça ser tomada de assalto, sinto o cheiro da maresia e a brisa fresca afaga minha expressão. sigo. vejo agora o que já era. vejo a era das casas e os barracos de uma era. ando. Avisto placas, nomes, mentiras, fatos, você, crianças, trabalho e descaso. passam por mim problemas, estórias, fatos, a vida. abasteço e continuo. 

 

continuo seguindo. me guio  pelas luzes, as de dentro e as de fora. controlo a velocidade. rapidez pode me fazer errar. lentidão pode fazer com que eu não chegue. ponho a mão na direção. direção do meu destino. destino dos outros que vejo pela janela. buzino. quero que a vida me escute. acelero. freio. dou partida. sigo.